APP Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná

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2 jun

Professores(as) criticam quebra do isolamento social e temem contaminação pela COVID-19.

No próximo dia 6 de junho completará quatro meses que o governo do Estado publicou o decreto 4320/2020 assinado pelo próprio governador Ratinho Junior que dispõe sobre as medidas de isolamento para se evitar o contágio do novo coronavírus. Todavia, tem se percebido algumas incoerências neste processo, sendo que a mais preocupante foi a recente publicação das resoluções 1611/2020 e 1733/2020 que permitem a convocação dos profissionais de educação para cumprir expediente nas escolas públicas. Como se não bastasse o stress que tem sido causado pelas aulas remotas, agora, estes profissionais se veem ainda mais pressionados e temem pela própria vida.

A professora Silvia (publicaremos apenas o primeiro nome para evitar represálias) se diz indignada com a pressão psicológica exercida pela Secretaria Estadual de Educação (SEED). “Como senão bastasse esta sobrecarga exaustiva que nos tem sido imposta pelas teleaulas, agora nós temos de nos submeter em ir à escola, sem necessidade, colocando em risco nossas vidas. Eles romperam o seu próprio decreto de isolamento, isso mostra a desorganização nas decisões que estão sendo tomadas. É um absurdo”, destacou a educadora.
“Fazer o trabalho remoto já tem sido exaustivo e agora ter que ir à escola para tirar dúvidas de alunos e familiares sobre as tecnologias adotadas não é o nosso papel como pedagogos. Isso é desvio de função e tenho visto vários colegas adoecendo por conta de tanto trabalho e stress”, declarou a pedagoga Rita de Cassia que trabalha na área há 25 anos.
A secretaria de escola, Gislaine, que trabalha na rede desde 2006, também vê com muita preocupação o fato de funcionários e professores terem de ir na escola durante a pandemia. “A preocupação e o medo persistem porque algumas pessoas têm de pegar o transporte público, aumentando o risco de contaminação. Os agentes educacionais estão na escola entregando alimentos para as famílias carentes, preparando a impressão dos materiais para os alunos que vem até a escola para buscar as atividades, Tudo isso gera contato e nos coloca em perigo. É muito triste ver o descaso do governo, que não está preocupado com a nossa saúde”, desabafou.
O presidente da APP Sindicato Londrina, Marcio André Ribeiro , vê com preocupação e indignação as resoluções da SEED, principalmente aquelas que contradizem com o que o próprio governo definiu anteriormente. “Temos visto nas ultimas semanas um aumento acelerado dos casos de COVID-19, por isso nos preocupa muito estas medidas que acabam com isolamento. Já temos denúncias de vários trabalhadores(as) da educação que podem ter se contaminado dentro da escola por conta destas atividades. Estamos correndo risco de vida por causa destas atitudes absurdas da SEED, por isso a APP está tomando as providencias jurídicas cabíveis”, explicou Ribeiro.

Reportagem Especial da série Aulas Remotas: muito trabalho, pouco aprendizado.

Texto: Elsa Caldeira