A vida de LUTA da Educadora Isabel Alves de Souza, por uma Educação Pública de qualidade.
*SUELY AP. LOPES BRAGA
Isabel, jamais mediu esforços na luta por uma escola pública, gratuita de qualidade e que valorize os profissionais da Educação.

Isabel nasceu em 14 de Setembro de 1970 em são Jerônimo da Serra e sua infância foi na cidade paranaense de Ibiporã. Seus estudos iniciais foram na Escola Est. Francisco G. Beltrão. Depois no Colégio Olavo Bilac até 1988. Foi nesta escola que em 1992, começou a lecionar por contrato temporário, depois de formada no curso de Letras na Universidade estadual de Londrina, no mesmo ano.
O início de sua vida profissional, foi em 1993, após concurso público, foi na sequência no Colégio Estadual Teothônio Vilela e ali permaneceu por vinte e sete anos. Sua atuação foi como docente em sala de aula, no ensino fundamental e médio, na sequência assumiu em parte da carga horária de 20 horas, da jornada de 40 horas semanais na qual sempre trabalhou, a função pedagógica, na equipe diretiva da escola.
Exerceu por três gestões democráticas consecutivas, num total de nove anos, a direção geral deste colégio, desenvolvendo junto a esta comunidade escolar um trabalho voltado a uma educação de qualidade e de diálogo permanente.
Isabel casou bem jovem, e depois da separação realizou um segundo casamento, com o professor e ex- dirigente sindical Luis Martins de Lima. No entanto, sua militância sindical iniciou logo no início da carreira por volta de 1994, quando numa reunião na escola, com alguns membros da APP – Sindicato Londrina, foi apontada pelos colegas da escola como representante de escola no sindicato. Já nas primeiras reuniões na APP, ela foi convidada por dirigentes a atuar mais diretamente nas reuniões, secretariando durante as reuniões e assembleias e auxiliando na organização interna dos eventos. Isabel nunca se furtou a colaborar nas reflexões e nas ações do sindicato. Nesse sentido, logo foi aclamada para participar do processo eleitoral interno e assumir pasta na direção regional de Londrina.
Durante toda sua vida profissional, Isabel participou da APP sindicato, mesmo quando decidiu se afastar da diretoria e se dedicar mais especialmente na direção da sua escola, o que lhe absorvia muito tempo, dedicação e saúde. Como base sindical, junto aos colegas nas escolas, atuou apoiando as diversas mobilizações da categoria, nos diversos governos estaduais em que testemunhou. Conseguiu se aposentar em 08 fevereiro de 2019.
Isabel lamenta que nossa categoria, composta por mais de oitenta por cento de mulheres, seja tão desvalorizada e desrespeitada por governantes, secretários da educação, e atualmente, por ministros da educação e presidente do país. Para ela, inúmeros cargos de poder de decisão ainda são ocupados somente por homens. Mesmo no sindicato, prevalece esta estrutura machista, de herança patriarcal, na qual, em muitos momentos, homens mandam e mulheres cumprem. Ela analisa que nos atuais e difíceis tempos em que vivemos, os projetos vencedores nas urnas, tanto no Paraná como no Brasil, são notadamente conservadores e promotores de políticas neoliberais: hegemonia da defesa da propriedade privada, do lucro incessante, do capital financeiro internacional e de desconstrução dos direitos humanos e trabalhistas conquistados na luta das classes trabalhadora.
Por esta lógica neoliberal, a estrutura do estado nacional(país)todo, está endurecendo a existência dos movimentos sociais, demonizando sobretudo a organização e atuação sindical. E a Reforma Trabalhista de 2017 e a Reforma da Previdência de 2019 coroam estas práticas, diminuindo o acesso das classes pobres e trabalhadoras às mínimas condições de vida, destruindo direitos conquistados na luta por mais de cinquenta anos. As mulheres são as mais penalizadas, pois ganham menos e possuímos apenas algumas dezenas de vozes femininas que representam as reais condições e necessidades femininas.
Inegavelmente em carreiras nas quais a maioria são mulheres, estas são muito mais exploradas e humilhadas, e na maioria das vezes, são mais homens que mulheres a falar e reivindicar por nós, nas mesas de negociação. Isabel acredita na força e poder do sindicato, sobretudo da APP, e defende o fortalecimento da base com pequenas reuniões de formação dirigidas por mulheres e para mulheres através dos coletivos de mulheres. Sonha com o dia em que diretorias tenham uma maioria de mulheres e que seja preciso uma cota para garantir a participação masculina. Nunca nos esqueceremos e queremos eles ao nosso lado, na transformação desta prática política, tão necessária e urgente e na construção de dias mais ensolarados, com uma sociedade mais justa e humanizada.
* Suely Lopes Braga é Diretora da APP Sindicato Londrina.

APP Sindicato Londrina
Gestão Independente, democrática, de base e de Luta.