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23 abr

DADOS INDICAM TOTAL FRACASSO DA EaD NO PARANÁ

Por

Acleilton Ganzert

Sebastião Donizete Santarosa

Como coletivo independente de educadores do Paraná, estamos levantando dados através de questionários online para tentar entender como os educadores de nosso estado estão percebendo o projeto de EaD que está sendo implantado pela Secretaria Estadual de Educação- SEED.

Um levantamento preliminar realizado no dia de ontem entre 100 educadores de diferentes regiões do Estado,  já desvela a fragilidade e a inconsistência pedagógica do projeto, certamente fadado ao fracasso.

Cerca de 86% dos consultados em nossa pesquisa dizem ter pouca ou nenhuma habilidade para desenvolver trabalhos com as ferramentas virtuais e 60% afirma não ter nenhuma formação em tutoria EaD. São dados que saltam aos olhos e, inevitavelmente, levam a seguinte questão: como é possível obter sucesso na implantação de um projeto pedagógico, seja ele qual for, quando a grande maioria dos professores não tem formação adequada para atuar com suas ferramentas?

Sabemos que o projeto foi jogado improvisadamente de cima para baixo pela SEED para os professores “se virarem”, tornarem-se, na proposição do próprio secretário de educação,  “protagonistas”. Isolados em suas casas, sobrecarregados de informações desencontradas sobre técnicas que não dominam, a consequência é  o mal-estar e o adoecimento acentuados entre os educadores.

Por volta de 44% dos entrevistados dizem acessar os aplicativos e as instruções da SEED o tempo todo e 60% afirmam acessá-los mais de três vezes por dia. Esses dados demonstram como se torna difícil a distinção entre tempo de trabalho e tempo de repouso para os educadores, os quais, visivelmente, têm seus lares ocupados pelas atividades escolares 24h por dia.

O medo, a insegurança, as crises de ansiedade parecem ser decorrências naturais dos dados anteriores. 67% dos entrevistados afirmam que temem o desenvolvimento de distúrbios psico-emocionais e 84% afirmam já estarem sentindo desconforto físico e mental provocado pelo trabalho de EaD.

Acrescente-se a esses números o fato de que 83% dos entrevistados consideram a experiência de ensino remoto um mecanismo ineficaz, o qual promove apenas a exclusão social. Ou seja, estão sendo forçados a atuar em um projeto de educação no qual não acreditam. Do ponto de vista pedagógico, esse é um outro empecilho crucial para o fracasso da EaD. É  impossível a qualquer professor ensinar quando não está engajado com o processo de ensino.

Com um sistema tecnológico improvisado, com professores mal preparados,  adoentados e incrédulos no projeto proposto pela SEED, o fracasso é certo. Entretanto, de forma obtusa e autoritária, o secretário de educação, Renato Feder, tenta usar as chefias de núcleo e as direções escolares para chantagear e ameaçar professores com punições, demissões e suspensão de salários, tal como vivos na fala da chefe do núcleo de Londrina. Chegamos ao cúmulo de ouvir insinuações de que as merendas escolares só continuarão a ser distribuídas em nossas escolas se o aluno estiver acompanhando a EaD.

Os números, embora preliminares, desvelam a desorganização, o desrespeito e a crueldade do secretário Renato Feder. Estamos levantando mais dados, os quais iremos disponibilizar para outras análises.