SEED efetiva EaD nas escolas estaduais do Paraná por lives
Dúvidas geram ansiedade entre estudantes e trabalhadores(as).
Os milhares de trabalhadores(as) da educação e o 1 milhão dos estudantes da rede pública estadual ganharam uma nova preocupação desde do início do mês de abril. Além dos riscos vivenciados com a pandemia do covid-19, as comunidades escolares têm sido bombardeadas por informações confusas sobre o sistema de Educação a Distância (EaD) que foi criado para atender os estudantes durante a pandemia.
Até o início desta semana, dos diversos pontos do projeto, apenas as videoaulas têm sido transmitidas em canais de TV aberta. O aplicativo que supostamente garantiria a “interatividade” e o “protagonismo” dos professores(as) foi um fiasco. As classes virtuais estão sendo organizadas ainda. Na imprensa, ontem, 06/04, diante da ausência de informações, a SEED afirmou que até no final de semana os problemas serão resolvidos.
O presidente da APP Sindicato Londrina, Márcio André Ribeiro destaca “as ações da SEED/PR ocorrem no improviso. Não é aceitável que numa rede de 1 milhão de estudantes e milhares de trabalhadores(as) da educação em que o secretário defende tanto o uso de tecnologias na educação, que ninguém tenha pensado em organizar, no mínimo, tutoriais para os(as) estudantes, professores(as) e responsáveis. Continuamos a manter nossa postura contrária a EaD da SEED, mas a criação desses tutoriais, por exemplo, poderia ser algo básico e simples na EaD. A SEED não se preocupou nem com este e nem com outros pontos. O que, mais uma vez, demonstra o improviso e a pressa em implementar um modelo de EaD. Na ausência, no mínimo, de informações, as orientações ocorrem por lives, algo que gera ansiedade e confusão na comunidade escolar. Será que estão mesmo preocupados com a qualidade da educação, do ensino e aprendizagem dos alunos?”
No entanto, os estrategistas da equipe do Feder parecem ter esquecido que uma parcela da população não tem acesso aos canais de TV aberta, à energia elétrica e que o sinal do canal que transmite as aulas não abrange todo o território do Paraná. Além do acesso, como fazer em famílias que tem mais de um filho, um aparelho de TV e os horários das aulas coincidem? (Não esqueçam que o aplicativo é uma promessa) Nos lares em que os responsáveis continuam a trabalhar, as crianças e os adolescentes farão tudo sozinho? Aqueles(as) estudantes que não conseguirem fazer as atividades terão direito à reposição? Quem os atenderá? As famílias que não têm acesso à internet e não buscam à merenda na escola receberam as atividades como? (conforme previsão da Resolução 1016/20 nos artigos 18 e 21).
A secretária educacional da APP Sindicato Londrina, Sandra Regina da Rocha pondera “não somos contra o uso de recursos tecnológicos na educação. Neste momento de pandemia a oferta de atividades não presenciais (por meio de videoaulas e programas culturais e educativos pode ser algo a ser pensado. O que nos preocupa é que todo o calendário escolar neste período se resuma a estas ações. A própria SEED/PR reconhece que um percentual de estudantes não terá acesso. Além disso, estas atividades não presenciais poderiam ser realizadas no retorno das aulas como complemento das aulas presenciais. Este aspecto é fundamental, pois garantiríamos que os professores(as) orientassem os estudantes presencialmente”.
Diante dos inúmeros problemas observados na efetivação da proposta, que foi construída às pressas e sem nenhum envolvimento das escolas, a equipe da SEED/PR anuncia como medida novas lives. Enquanto a live não chega, circulam freneticamente nos grupos de Whatsapp das escolas mensagens que mais confundem que explicam. Este cenário de incertezas penaliza ainda mais a saúde de todos(as) neste momento de pandemia. Os estudantes e responsáveis não têm a quem recorrer, pois as escolas estão fechadas e a maioria dos trabalhadores(as) da educação foram compulsoriamente liberados para licença especial.
Sobre está questão da licença especial concedida para aproximadamente 50 mil professores(as) é importante perguntar? Quem vai interagir com os estudantes nos chats? Quem vai organizar e corrigir as atividades para que as mesmas sejam consideradas como carga horária? Quem vai produzir e corrigir as atividades complementares? Os primeiros dias da proposta, já demonstrou que a pressa e a ausência de planejamento do “time-Feder” expõe milhares de estudantes ao risco da interação em chats sem nenhum acompanhamento e finalidade pedagógica.
A direção da APP Sindicato Londrina entende que neste momento de pandemia a primeira preocupação dever ser a saúde e a vida de todos(as). O contexto da pandemia por si só já produz uma situação de angústias em muitos lares paranaense. A SEED/PR deveria considerar este aspecto e não transformar as atividades não presenciais em mais uma fonte de preocupação para os estudantes e suas famílias.
APP Sindicato Londrina.
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