OS EQUÍVOCOS DA SEED NA ORIENTAÇÃO DE ATENDIMENTO À DISTÂNCIA DURANTE O PERÍODO DE SUSPENSÃO DAS AULAS
É inequívoco o estado de angústia e de apreensão pelo qual a população mundial está passando. Trata-se de um momento novo para história da humanidade, o qual exige muito cuidado e muito esforço técnico-científico para tomada de decisões e desenvolvimento de ações coerentes e eficazes. As ações políticas não podem, neste momento, serem atabalhoadas, descoordenadas, realizadas com base no improviso e no voluntarismo.
Aqui no estado do Paraná, após forte pressão de educadores e de estudantes, o governo adotou uma medida acertada, suspendendo todas as atividades escolares durante a permanência da crise sanitária. Com certeza, essa foi uma medida providencial que poupará muitas e muitas vidas. Entretanto, manifesta-se entre pais, educadores e estudantes um certo incômodo em torno da duração desse período de suspensão das aulas, o que revela, de forma positiva, o elevado valor que a população de nosso estado atribui à educação escolar.
Diante desse justo desconforto, as chefias dos Núcleos Regionais da Secretaria de Educação vêm orientando as direções escolares para organizarem e desenvolverem atendimento didático-pedagógico online, à distância, para seus estudantes. Essa medida, na forma como vem sendo apresentada e ganhando corpo, é totalmente equivocada, provocando mais problemas do que soluções, aumentando a tensão e o desgaste de educadores e de estudantes sem trazer qualquer tipo de benefício concreto para o conjunto do sistema escolar.
Na verdade, essas propostas de atendimento online chegam às escolas sem nenhum embasamento legal, sem nenhuma orientação documentada da SEED e sem nenhum parecer do Conselho Estadual de Educação. São orientações construídas sem nenhum profissionalismo e sem nenhuma sistematização, com base apenas no apelo ao voluntarismo descoordenado.
Afinal, o que deverá ser ensinado em cada escola através das redes sociais? Como será realizado esse ensino? Como será possível garantir que todos os estudantes tenham acesso ao conhecimento de forma igualitária? Como será acompanhado o processo de aprendizagem? Como serão computadas as horas letivas? Esse trabalho será considerado um trabalho de reposição de aulas? Como será reorganizado o calendário escolar?
Sabemos que muitas escolas particulares estão se organizando para tentar oferecer atendimento à distância a seus alunos. Temos que ter clareza, entretanto, das condições concretas da escola pública e da vida de seus estudantes e professores. A carência e a defasagem tecnológica seriam os primeiros óbices a serem enfrentados para garantir isonomia na oferta de um ensino com o mínimo de qualidade. Alie-se a isso a necessidade de instrumentalização e de formação de professores e de pedagogos para lidarem com esse novo cenário pedagógico.
Para atender as demandas educacionais nesse momento de turbulências, além de muita tranquilidade, é necessário o esforço da SEED para desenvolver ações coordenadas dentro dos princípios legais, com seriedade e profissionalismo, como sempre exigiu o processo de construção da escola pública, democrática e de qualidade – compromisso histórico da sociedade paranaense.

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