Crônica de uma tragédia anunciada
Em algum Lugar, 12 Dezembro 2024.
Crônica de uma tragédia anunciada
É verdade! Ouvi dizer que o Botafogo, Campeão Brasileiro e Sul Americano de Futebol Masculino, foi para Dubai de avião personalizado e tudo, e tomou de 3 x 0 de um time do México, no Mundial de Clubes, e voltou para casa com a cabeça cheia… mas não, esta história não é sobre esta tragédia.
Esta história que quero contar (atenção ao alerta de texto lotado de ironias) aconteceu em uma cidade moderna e cosmopolita do interior de um estado brasileiro, igualmente avançado, moderno e progressista, uma cidade que já foi a “capital mundial do café”.
Em uma terra não tão distante assim, um poderoso “presidente de associação de bairro” teve uma ideia super moderna, de repassar o campo de futebol da associação para empresários da região o explorarem, mesmo que os moradores do bairro já pagassem uma taxa mensal para manter esta associação. Para esta tarefa, escalou sua gerente mais leal e conhecida, visto que tinha grupos de “canto” no bairro, o projeto deste presidente é que, ao invés de pagar as pessoas para manterem o campo funcionando, com estas mensalidades, ele iria pagar com o dinheiro dos moradores para este empresário-amigo fazer esta função.
O detalhe mais importante é que, se o presidente, ele mesmo fazendo, gastava R$100,00 por mês para manter tudo funcionando, e agora passaria a pagar R$1000,00 para estes empresários. “Como assim?” até teve gente que parou, pensou e perguntou, será que isso tem lógica? O engraçado é que a maioria respondeu: “não importa, é moderno e parece legal, vai dar certo…”
Assim, para ajudar a vender a mirabolante ideia, o tal presidente de nome Topo Giggio, pensou em promover um jogo entre o time da associação (a sua gerente seria a técnica) e algum outro time só para compor e aí convocou uma reunião para c o m u n i c a r como seria este evento.
Durante a reunião, houve a reclamação de alguns moradores que estavam achando tudo isso muito estranho, para dizer o mínimo, e após muita confusão o presidente Topo Giggio, tremendamente irritado, levanta-se e decreta: “Já que vocês estão reclamando tanto assim, então vamos combinar o seguinte: vocês montam um time e vamos jogar e quem ganhar decidirá se o campinho fica ou se vai”. Para o breeeeejo, não é?
Nisso, o time “do Contra” já estava montado havendo uma comoção geral, eita povo chato, tudo queria saber, tudo queria se meter, tudo questionava, quase ninguém gostava dessa turma “do Contra” mas, nestes momentos, era quem ainda fazia alguma coisa e dava a cara a tapa, alguns torcedores foram angariados pelo pessoal do Contra.
Calma, que estamos chegando lá, estamos na melhor parte, pois o presidente e sua gerente, com nome de música, chamaram uma reunião para definir como tudo aconteceria, falou o Giggio: “bem, como sou o presidente, aqui mando eu. Logo, o jogo será no nosso campo, com o nosso Juiz, nossos Assistentes, nossos Assistentes de Vídeo, sim temos VAR, nossa bola, pois a bola é minha, e nossas REGRAS, e a primeira regra diz que nós vamos jogar com os 11 jogadores e vocês, com 1 Goleiro, 1 Zagueiro, 1 Meio de Campo e 1 Atacante.”
Viiiiixeeee, imediatamente pula da cadeira a treinadora dos Contra, que tem o nome das guerreiras da mitologia Nórdica do Thor e hoje é também nome de carro caro, e rebate, com muita energia, mas com tranqüilidade: “isso não pode, está errado, é uma injustiça” e a Ana Júlia (a da música, lembra?), treinadora dos “Aspones”, então responde: “quer, quer! não quer? decidimos nós mesmos”.
A Valkirie, treinadora dos Contra, exclamou incrédula: e se der empate? “Bem, decidimos nós também”, respondeu Topo Giggio. Comoção geral. Como última tentativa em nome da decência, Zangado, que era o auxiliar do time dos Contra, grita lá do fundo: “e essa regra aí? O futebol é um esporte secular regida por uma alta entidade chamada FIFA, vocês não podem fazer isso!” Ao que respondem Topo Giggio e Ana Júlia: “A BOLA É MINHA E EU QUE MANDO, SE VIIIIIRAAAA!!!!”
Bem, o time dos Contra versus o time dos Aspones, nestas condições “perfeitas”, só se for para os Aspones, não é mesmo? Teve início o tão aguardado jogo e as torcidas inflamadas aos gritos de “Não, Não, Não, à Privatização”, jogo animado, teve até Polícia Militar correndo atrás dos Contra, no meio do gramado e quase levou o time todo em cana! Sem que, até agora, ninguém entenda o motivo. Os caras jogando em 4 contra 11 e polícia correndo atrás.
O fato é que não deu! Dizem as testemunhas que os Contra correram igual uns malucos, e devem ser mesmo, mas não deu, pelo menos na grande cidade da frutinha vermelha, não deu! Afinal, pessoal, isto é uma pretensa crônica e não uma ficção científica para conseguir uma virada destas… porém, não acabou, ouve-se dizer por aí que o advogado dos Contra, de mesmo nome do famoso artilheiro cabeludo da década de 1980 do Flamengo e da Seleção, irá recorrer ao Juiz, só esperamos que não seja o mesmo que o Topo Giggio diz ser dele. E quem viver, verá.
CONTINUA…
Márcio André Ribeiro